
UMA GRANDE DIFERENÇA
Motor mais potente e muitos atrativos de conforto. E assim a General Motors cria o Corsa GL 1.4 EFI.
Seu motor de 1389 cm cúbicos impressionou pela economia de combustível: média de 13,09 km/l
Quantos felizardos tiveram, até agora, o privilégio de colocar um Corsa na garagem? Poucos. Mas a novela de filas e ágio que acompanha o novo General
Motors pode mudar com o lançamento do segundo membro da família, o Corsa GL 1.4 EFI, em junho.
Essa, pelo menos, é a expectativa da montadora. “Não esperamos que tais problemas se repitam com o GL”, afirma o diretor de Marketing e Vendas da GM,
Alan Kennedy. “Afinal, seu preço é mais alto.” Quanto, exatamente, ele não conta, mas deve se situar na faixa dos 11000 dólares, sem opcionais. E só
poderia ser mais caro mesmo, uma vez que a nova versão tem motor 1.4 - não se beneficiando dos impostos menores permitidos aos modelos 1000 — e nível
de acabamento superior ao de seu irmão popular. A montadora bem que tentou colocar no mercado um Corsa Wind com motor 1.4 opcional (o que elevaria o
preço do carro para mais de 9000 dólares), mas não conseguiu chegar a um acordo com o governo.
SALTO DE 10 CAVALOS. O propulsor de 60 cv faz, de fato, toda a diferença. O ganho de agilidade — a principal limitação do motor 1.0 do Corsa Wind — é
significativo. Em nossa pista de testes, os 10 cv a mais de potência do 1.4 permitiram que atingisse a velocidade máxima de 150.2 km/h (contra
142.0km/h do popular), acelerasse de 0 a 100 km/h em 15s39 (19s77 do Wind) e fizesse a retomada de 40 a 100 km/h em 28s55 – exatos 17s32 a menos que o
tempo marcado pelo 1000! Na prática, esses números se refletem em um comportamento satisfatório na cidade e adequado na estrada, onde os cavalos
suplementares traduzem em ultrapassagens seguras e velocidade constante sem que seja preciso pisar fundo no acelerador. A condução do carro foi
facilitada pelo bom escalonamento de marchas do câmbio F13, igual ao do Wind, e pela direção mecânica (pelo menos por enquanto, sem hidráulica
opcional), que mostrou-se leve em manobras e firme em velocidades mais altas.
Pra quem esperava menos economia do motor maior, uma surpresa: sua média de consumo ficou em 13.09 km/l de gasolina, melhor que a de qualquer carro
1000 — exceto o Chevrolet. Na cidade, o Corsa 1.4 fez 11,81 km/l, o que lhe dá o segundo lugar no "Ranking” de QUATRO RODAS, atrás somente do Wind. Na
estrada, os 400 cm cúbicos a mais de cilindrada compensaram: vazio, percorreu 14,78 km com um litro de gasolina, e, com carga total (470 litros),
13,97 km/l. Ambos os números superaram os do irmão menos potente. Explica-se: não só o propulsor de 60 cv é menos exigido nessas situações, como a GM
ainda aumentou a taxa de compressão do motor 1.4.
O carro, entretanto, tem muito mais do que um bom motor. Uma de suas principais qualidades é, a exemplo do Wind, a estabilidade. Obteve O,89g em
aderência lateral, igual ao décimo colocado de nosso "Ranking", o Escort 2.0i XR3. Seu número, superior em 0,1g ao Corsa Wind, deve-se, segundo a GM,
à barra estabilizadora que foi acrescentada ao já eficiente sistema de suspensão. Quanto à frenagem, não há o que acrescentar : os sistemas de freio
do GL e do Wind são idênticos. Vindo a 80 km/h, a nova versão parou em 28,9 m — apenas 0.2 m a mais que o popular.
PARTES IMPORTADAS. Em um ano, a GM desenvolveu o motor de 1389 cm cúbicos. A partir do bloco do 1.0, a Engenharia re-trabalhou o cabeçote e aumentou
as medidas de diâmetro de curso dos cilindros, assim como a taxa de compressão (9.14:1 no motor 1.4, 9.2:1 no 1.0). "O cabeçote e os coletores são
importados, e os sistemas de injeção e ignição, semelhantes aos da Opel, foi adaptado ao combustível e às condições brasileiras", conta o gerente de
Engenharia de Programas de Produto da GM, Ladislaus Marton.
“O fato de o motor 1.4 existir na Europa ajudou, mas foi preciso mudar alguns materiais, que não resistiriam ao poder corrosivo do álcool presente em
nossa gasolina”, afirma o gerente de Planejamento de Produto da GM, Frederico Themoteo Júnior. Ele garante que os componentes importados serão
nacionalizados em breve, sem definir quando. No início da produção, em maio último, o Corsa 1.4 tinha 70% de componentes made in Brasil. Daqui a um
ano, deve subir para cerca de 85%.
Ele reúne as mesmas qualidades do Wind 1.0, mas com ainda mais tecnologia.
Resta uma questão crucial: de que maneira a GM pretende ocupar suas linhas de montagem com a versão 1.4, se nem consegue atender as filas de
consumidores atrás do Corsa 1.0? "Chegamos a investigar a possibilidade de trazer unidades da Europa, mas, por uma questão de custo, não valia a
pena”, conta Kennedy. “Em termos de produção, porém, não faz diferença se é um ou outro”, explica. “No início, a produção do GL será relativamente
baixa. Os números de venda de Gol, Uno e Escort nos dão parâmetros, mas é o mercado que ditará a produção. Até o final do ano, 80000 Corsa sairão de
nossa fábrica, e pretendemos acelerar a produção ainda mais para suprir a demanda", garante.
OPÇÕES NADA POPULARES. Iguais na linha de montagem, diferentes em conceito. Mas isso nem sempre fica evidente para quem os vê na rua, seja evidente.
Externamente, o GL ganhou finos frisos laterais pretos, calotas e discretos logotipos na traseira e no lado das portas. E só. “Não havia muito a fazer
para diferenciá-los”, admite Themoteo. "E o GL não vem para ser o top da linha, ou um carro caro — e isso pela própria definição do segmento dos
pequenos.” Ou seja, a GM optou por não enfeitar o carro para ter um preço melhor.
Por dentro, porém, o 1.4 ganhou, de série, tecido de revestimento mais espesso, banco traseiro rebatível em 1/3 e 2/3 com encostos de cabeça, e painel
mais completo. Além de velocímetro, hodômetro total, marcador de combustível e de temperatura da água, incorporou conta-giros e hodômetro parcial.
São, no entanto, os novos equipamentos opcionais do console central que mais chamam a atenção. A primeira coisa que se nota é o pequeno mostrador
digital – semelhante ao check-control do Kadett GSi —, que, com o rádio desligado, registra a hora, a data e a temperatura externa. Quando se liga o
rádio/toca-fitas estéreo, a data é substituída pela freqüência da estação (AM ou FM) ouvida. Logo abaixo do mostrador ficam as saídas de ventilação e
o ar-condicionado quente/frio, com quatro regulagens de temperatura. O aparelho utiliza gás R134A, que não destrói a camada de ozônio, e é
“inteligente”: quando se pisa fundo no acelerador por dois ou três segundos, o compressor desliga para não roubar potência do motor. Quem gerencia
esse sistema é a injeção eletrônica.
Os opcionais continuam com as travas centrais e comandos elétricos dos vidros – do tipo one-touch, têm sensor antiesmagamento mas carecem de
temporizador -, alarme na fechadura da porta do motorista, limpador e lavador do vidro traseiro e rodas de liga leve com pneus 165/65 R 14. O
comprador pode escolher entre pacotes de opcionais ou acessórios avulsos.
O segundo integrante da família Corsa chega como uma seqüência prevista dentro do cronograma da GM. "Sabia-mos que a linha Corsa seria completa”,
explica Kennedy. “Se só tivéssemos o 1.0, a rentabilidade seria insuficiente para pagar o investimento. E não tinha-mos um produto no segmento de Gol,
Escort e Uno. A nossa idéia era competir com esses carros, mas com uma melhor cobertura do mercado.”
E o que pensam os concorrentes? O gerente de Marketing Luiz Muraca define a posição da Volkswagen: "Nosso planejamento para 1994 está fechado. Não
mudaremos nada. Temos Gol com motor 1.0, 1.6, 1.8 e 2.0. Então, vamos continuar mantendo o primeiro lugar em vendas". O gerente-executivo de Vendas da
Ford, Giovanni Corio, também não demonstra preocupação. "O Corsa não compete com o Escort, devido à diferença de tamanho. Não o consideramos um
rival”, garante. A Fiat preferiu não comentar a novidade.Talvez ainda venha a mudar de idéia.
Além do Corsa 1.6 16v, previsto para o final do ano, e da picape, em 1995, a GM ainda terá versões 1.0 e 1.4 a álcool. Uma curiosidade: nas outras
linhas da montadora, GL representa o modelo básico. E o Corsa, teria ainda versões GLS e CD? "É claro que chamar o 1.4 de GL deixa espaço para criar
uma versão GLS, mas isso ainda não está em nossos planos", garante Themoteo.

Corsa GL 1.4 EFI

Corsa GL 1.4 EFI

As inovações invadem o habitáculo

Redesenhado, o painel ganhou um instrumento importante: conta-giros

1) Com o rádio desligado, o mostrador digital marca a hora, a data (dia, Mês e ano) e a temperatura externa. Quando se liga o rádio, a data é substituída pela frequência da estação ouvida, AM ou FM. 2) As saídas centrais de ventilação são iguais às do Corsa 1.0, com fluxo de ar direcionável. Mas têm uma função a mais: com o ar condicionado ligado, ajudam a esfriar ou aquecer o habitáculo. 3) O eficiente aparelho de ar-condicionado permite quatro regulagens de temperatura e fluxo de ar quente direcionável (desembaçador). Seu compressor não rouba potência do motor. 4) O rádio/toca-fitas estéreo possui scanner, facilitando a procura de estações de rádio. Com controle de balanço, o som dos auto-falantes nos dois lados do carro fica bem distribuído.

Os controles elétricos dos vidros posicionam-se na porta

Segurança nos encontos de cabeça e nos cintos de segurança de três pontos traseiros

A GM foi discreta nas alterações externas: apenas frisos e um discreto logotipo nas laterais...

... e a indicação 1.4 EFI na tampa traseira

Ficha Técnica

Resultado dos Testes