Como o SemControle corretamente afirmou, a possibilidade estaria em uma halógena de potência nominal similar. É a minha interpretação também. Porém, a interpretação do Inmetro é diferente. No documento em
http://www.inmetro.gov.br/acreditacao/d ... inacao.pdf , um tipo de "perguntas e respostas", o Inmetro entende:
A mudança na temperatura de cor da lâmpada pode afetar os requisitos técnicos
colorimétricos e fotométricos do dispositivo luminoso. Então, conclui-se que são
dispositivos de tecnologia diferente da original do fabricante.
Como todas as lâmpadas especiais tem uma temperatura de cor mais puxada para o branco, então, segundo o Inmetro, não se adequam à resolução 667
Claro, vai ser muito difícil um agente rodoviário estar com um aparelho que meça a temperatura da cor da luz emitida, mas se a luz for muito branca e se o entendimento do camarada for o mesmo do Inmetro, pode pegar no pé.
Ainda pode pegar no pé (eufemismo para encher o saco) por conta de que a maioria das lãmpadas especiais tem um anel azul pintado em volta do bulbo, que filtra a luz amarela para deixar a iluminação aparente mais branca. O problema aí reside no fato de que a cor azul desse anel reflete internamente no conjunto óptico do farol e dedura que estão sendo usadas lâmpadas especiais. Esse efeito azul no refletor do farol é perceptível quando as lâmpadas estão apagadas.
Sobre o marketing das lãmpadas especiais onde afirmam que produzem "até 150% mais luz" ou também "130% mais brilho" ou ainda "120% mais visão"... tem uma pegadinha aí porque essa informação é vaga. "Mais luz"? como assim? em relação a quê? Em que medida? "Mais brilho"? como mais brilho? fluxo luminoso (lumen) ou luminância (candela por metro quadrado)? mass a luminância varia conforme o material em que a luz é refletida, "Mais visão"? enfim...
É na realidade a medida da intensidade luminosa em candelas em relação aos requisitos mínimos da regulamentação ECE R112 da União Européia. Em alguma região específica do facho de luz que, não raro, é relacionado ao farol alto. A mesma regulamentação ECE R112 também dispõe sobre a intensidade luminosa máxima permitida para as lâmpadas em certos pontos definidos de certas regiões. E quais são essas regiões? A seguir:
![Imagem](https://corsaclube.com.br/ext/dmzx/imageupload/files/25b569c2c84546e4de3362be1674aeb7.png)
E o que dispõe a R112? Para o farol baixo:
E para o farol alto:
Então perceba que tanto o farol alto quanto o farol baixo tem múltiplos pontos de análise de intensidade luminosa. Dentro da Zona III, por exemplo, são 7 pontos. Porque a resolução especifica o ponto de medição dentro de cada zona. Então, se um fabricante consegue uma intensidade luminosa x% maior no ponto 5 da zona 3, ele não está, tecnicamente, mentindo sobre o incrível "x% mais brilho" da lâmpada (mas está moralmente). Porque no site dos fabricantes há uma nota, em letras pequenas, escondida no final da página que informa que os x% são em relação a algum resquisito mínimo da ECE R112.
E é o que realmente acontece... as lâmpadas especiais tem um ponto (ou mais) com maior intensidade luminosa. Geralmente é o ponto central. O que não quer dizer que a lâmpada como um todo permita ao usuário perceber 150% mais brilho por todo o asfalto. E como elas conseguem isso? O cristal do bulbo é mais puro, o filamento pode usar materiais exóticos e contém menos contaminantes, o gás dentro do bulbo é diferente, o escudo do farol baixo tem geometria diferente e as características do filamento possibilitam um foco maior em certas áreas. Mas tudo isso tem um preço, há pontos mais quentes ao longo do filamento (senão em todo ele).
Então quer dizer que se um fabricante especificar que tem 150% mais intensidade luminosa em relação ao ponto 5 da zona 3, é 150% mais intensidade em relação à lâmpada comum? Também não. Isso valeria se as lâmpadas comuns apresentassem o mínimo determinado pela ECE. Mas não parece ser o caso.
Eu acompanho faz tempo um fórum sobre iluminação em
https://www.candlepowerforums.com/ . Lá tem uma área de discussão sobre iluminação automotiva.
Em um dos tópicos, um usuário realizou testes fotométricos em diferentes lâmpadas. O resultado foi o seguinte:
Standard Philips H4 12v 60/55w (p/n 12342), made in Germany
High beam: 55,410 cd at (0.2° D, 0.6° R), 846 lumens
Low beam: 14,430 cd at (1.2° D, 1.8° R), 451 lumens
Osram Rallye/Hyper H4 12v 70/65w (p/n 64205), made in Germany
High beam: 55,810 cd at (0.2° D, 0.4° R), 979 lumens
Low beam: 19,490 cd at (1.2° D, 1.5° R), 545 lumens
Philips HB2 + H4 Xtreme Power 9003XP 12v 60/55w, made in Germany
High beam: 59,650 cd at (H, 0.4° R), 923 lumens
Low beam: 20,220 cd at (1.2° D, 1.6° R), 556 lumens
Philips H4 12v Rallye 100/90w (p/n 12569), made in Germany
High beam: 69,680 cd at (2.8° D, 2.4° L), 1260 lumens
Low beam: 18,720 cd at (1.8° D, 1.6° L), 677 lumens
Perceba que a lâmpada original não faz feio. Não leva uma surra de 150% de ninguém. Claro, ela apanha de 50% da H4 100w em fluxo luminoso (lumens)
Ajudam? Claro... eu já gastei um bocado de dinheiro em lâmpadas especiais. Ajudam principalmente pela tonalidade mais branca da luz, que dá menos sono e gera a impressão de maior nitidez nos objetos refletidos. Mas essa tonalidade mais branca, conseguida em grande parte pelo anel azul que recobre o bulbo (senão todo ele), tem um preço... ela diminui a o fluxo luminoso. Segundo outro usuário do fórum Candlepower:
I do have data for the Sylvania ZxE 9003, which is their street-legal bulb with the darkest blue coating.
WITH the blue coating, and operated at 12.8 volts, that bulb produces 1380/860
WITHOUT the blue coating, that same bulb operated at the same 12.8 volts produces 2000/1340
Na lâmpada em questão, ele percebeu um aumento de 44,9% no fluxo luminoso ao remover a camada azul que recobre o bulbo externamente.
Fazem milagre? Nunca, esqueça. Vou falar mais embaixo o que faz milagre, mas está proibido. A seguir, sobre as diferentes lâmpadas e faróis que testei no carro.
Em ordem cronológica:
Lâmpada original
Superbranca genérica
Philips Crystalvision
Philips Xtremevision
Passei então para relê duplo e um jogo de Eagleeye 100w. O relê continuou no carro por todas as lâmpadas seguintes;
Farol projetor importado e Osram Nightbreaker
Farol projetor importado e Xenon
Farol projetor importado e led importada (a mais potente que havia)
Saiu o farol projetor, voltou o farol original, a elétrica do relê foi otimizada e voltou a lâmpada normal.
O melhor de todos? Disparado, milagroso mesmo: Farol projetor com xenon. Nada chega perto. É glorioso.
O farol é este aqui, não é o que chamam de retrofit, é próprio para o Corsa. É vendido na Europa:
O corte de luz é perfeito. O escolhi justamente por causa do xenon. Acho um crime usar xenon em faróis não-projetores. Cega o motorista da pista contrária.
Mas por causa dessa resolução boba e também porque a Pickup Corsa está virando um carro de colecionador (se segura GSI!), resolvi voltar ao original... mas com upgrade: encontrei um jogo de faróis arteb com regulagem elétrica (os da carcaça preta, difíceis de achar)
Olha, sobre as Leds... a idéia daquela Led que tem um projetorzinho embutido é ótima. Mas me parece que sofre do mal de todas as leds abaixo de 500 reais: é fraca comparada com Xenon ou mesmo com uma lâmpada de 100w. Desnecessário dizer que o LED no farol projetor levou uma surra feia do xenon. E não se atenha ao falso marketing das leds de que são de 8000 lumens ou coisa assim. Tudo balela. Esse tipo de marketing também fazem com as lanternas de led.
Ok, tirando o farol projetor fora, o xenon e o led... qual você gostou mais? Eagleeye 100w. Depois, em ordem: Osram Nightbreaker, Philips Xtremevision, Philips Crystalvision e Superbranca genérica.
E a sua lâmpada normal, alimentada em 14 volts? Não tenho como comparar com as outras halógenas 55/60w H4 pois quando as usava não havia instalado o relê. Então sua lâmpada original, no farol original, mas com 14v não é boa? Olha... boa boa como meu projetorzinho com xenon (saudade!) não é... Mas eu lembro vagamente da intensidade luminosa da original comparada com a superbranca genérica e com a crystalvision. A original ganhava. Mas a luz é amarelada. E veja que essas mudanças todas sempre foram tentando melhorar a iluminação original do Corsa. Originalmente ela é horrível mesmo. Ainda mais porque usaram uma lâmpada H4 que só provê 1000 lumens no farol baixo. Poderiam ter usado um par de H7 e H1 de 1500 lúmens cada (como é no Vectra B), mas aí seriam necessárias 2 lâmpadas por farol.
Sobre a queda de tensão e o fluxo luminoso. Houve uma discussão no fórum The Truth About Cars faz um tempo, está resumida nesta página:
https://www.thetruthaboutcars.com/2019/ ... tage-drop/
Nesta discussão, um usuário proveu uma fórmula relacionando o fluxo luminoso com as diferentes tensões com que são alimentadas no mesmo bulbo. A fórmula é: lumens @ spec volts x [(operating volts ÷ spec volts)^3.4] = lumens @ operating volts
ou seja, (lumens à tensão especificada pelo fabricante) x [(tensão de operação dividida pela tensão de especificação do fabricante) elevado a 3.4] é igual a lumens na tensão pesquisada. A tensão e o fluxo luminoso especificados pelo fabricante geralmente são 1000(baixo)/1600(alto) lumens a 13.2 volts para uma lãmpada H4.
Não lembro de quanto era a queda de tensão na fiação original do Corsa, mas certamente a tensão ficava abaixo de 13.2 volts. Porque 13.2 é a tensão com que especificam a vida útil das lâmpadas. Peguemos então esses 13.2 volts e 1000 lumens de uma H4 como base. Vamos subir a tensão para 14.2 volts e descobrir quantos lumens isso dá (x), usando a fórmula do amigo lá do fórum:
x = 1000 x [(14,2 / 13.2)^3.4]
x= 1000 x 1,281
x= 1281 lumens. Ou 28% de ganho do fluxo luminoso (lumens) como um todo (e não só sobre um ponto específico) por um aumento de 1 volt
A diferença pode ser ainda maior se a queda de tensão for maior (e é, nos Corsa).
Peguemos o valor de 12.8 como a valor de tensão observado no conector dos faŕois. É até conservador, porque em muitos carros fica por volta de 11.8 a 12.5 volts. E vamos descobrir o quanto é a intensidade luminosa nessa tensão de 12.8v
x= 1000 x [(12,8 / 13,2)^3.4]
x= 900 lumens, ou uma perda de 10% do fluxo luminoso por conta de 0,4 volt a menos
Se a tensão então for de 11.8 volts (que já vi em alguns carros), então:
x= 1000 x [(11,8 / 13,2)^3.4]
x= 683 lumens. Ou seja, esta lâmpada hipotética h4 que gera 1000 lumens em 13.2 volts, gera 683 lumens em 11.8 volts. Uma queda de 32% do fluxo por conta de uma queda de tensão de 1,4 volt (em relação aos 13.2v especificados pelo fabricante)
Então, no quadro maior. Se uma hipotética lâmpada H4 de 1000 lumens no farol baixo está sendo alimentada com 11.8 volts e passa a ser alimentada com 14.2 volts, o fluxo luminoso passa de 683 lumens para 1281 lumens. Ganho de 87%. Ou +Quatrocentros Mil% se eu fosse um marketeiro de lâmpada h4.
Mas claro, há um preço como falei. Há também uma fórmula para calcular a redução (ou aumento) da vida útil da lâmpada quando sobrealimentada ou subalimentada em relação aos 13.2v. A fórmula é:
hours @ spec volts x [(operating volts ÷ spec volts)^-13] = hours @operating volts
Mas não precisa usar ela, é só olhar este gŕafico da Osram:
Minha recomendação final se for só trocar de lâmpada? Esqueça lumens, esqueça candelas. Procure pela informação em Lux. É uma medida muito melhor para a intensidade percebida pelo olho humano na estrada, é a medida do fluxo luminoso por metro quadrado. Neste site você tem essas informações. E veja como cai por terra o papo dos +400 milhões% Plus Ultra Xenarc Racing Laser Rally White Extra Turbo Intercooler
https://www.bulbfacts.com/halogen-bulbs/chart/